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Notícias

Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer | 4.º Aniversário SOSDEMÊNCIAS

Setembro 21, 2020

Neste Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer, quarto aniversário da SOSDEMÊNCIAS, escrevo-vos num registo diferente.

Quero falar-vos de um livro, de ficção, com tudo o que a ficção tem de realidade.  Quero falar-vos do livro “Para aquela que está sentada no escuro à minha espera”.

Como o Lobo Antunes tão bem sabe fazer, conseguimos ao longo do livro ficar imersos na personagem, conseguimos vivenciar a sua angústia, o seu desespero e rir com o humor satírico que caracteriza o autor. 

Falo-vos de um livro cuja narradora/personagem principal, atriz, 70 e poucos anos tem, também, demência. 

Escolho este livro de ficção por tão bem retratar a realidade que acredito aconteça com as pessoas com demência. Em que prevalece o estigma e a ideia de que a partir do momento em que este rótulo é atribuído, a pessoa fica diminuída, incapaz de expressar o que sente, quer e/ou precisa. A verdade é que a pessoa continua a ser a mesma.

O que acontece com a personagem várias vezes ao longo da narração é que se vê envolta em momentos em que a cabeça “fala” mas a linguagem não a consegue acompanhar. Em que ouve falar de si (seja por familiares, cuidadores, clínicos), na terceira pessoa, como se não estivesse presente. E, sentindo isso, não consegue perceber porque a tratam desta forma. E grita, para dentro, porque almeja ser ouvida.

Escolho este livro de ficção como mote porque não raras vezes vejo estes episódios acontecerem e não é ficção! Porque a sociedade, de forma geral, olha para as pessoas com Doença de Alzheimer ou outras Demências como incapazes, como não produtivos e, por isso, menos importantes. O que parece que por vezes cai no esquecimento, qual ironia do destino, é que independentemente do estadio da doença, é uma pessoa que está ali à nossa frente/ao nosso lado e por isso merece o nosso respeito e a nossa consideração. Merece ser ouvida, ainda que não o seja através das palavras.

É verdade que, muitas vezes, temos que usar a imaginação e a empatia para conseguirmos entender o que as pessoas com demência nos comunicam, já que a linguagem nem sempre consegue acompanhar a pensamento. O que não podemos assumir é que a pessoa já não tem vontade própria, já não consegue expressar o seu agrado/desagrado, o que quer e o que não quer. Pode ser útil voltarmos a “olhar” para a história da pessoa, relembrar as suas preferências, as suas expressões, os seus desejos. Podem não existir palavras, mas existem gestos, olhares, outras expressões faciais, inquietude… há tantas formas de comunicação! Só temos que estar atentos.  

Neste Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer e nesta época sui generis em que vivemos, afastemo-nos um pouco (o tal do distanciamento, físico e não social) para que consigamos ver com outros olhos esta realidade. De seguida, baixemos a máscara… o veículo mais poderoso da comunicação vai ficar visível. É o sorriso! Não é diferente para alguém que também tem um diagnóstico de doença de Alzheimer. 

 

Setenta e muitos no mínimo

mais velha que eles e portanto se me mandarem para a cama não obedeço, acabaram-se as ordens, o sobrinho do meu marido

– Está cada vez mais confusa

o senhor Barata para eles

– Já no tempo do teatro tinha alturas assim

o médico para ninguém

– O seu se passa com ela?

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Curso de Alzheimer | Misericórdia do Porto

Março 7, 2020

A Misericórdia do Porto vai dinamizar, no Centro Hospitalar Conde Ferreira, a segunda edição do Curso de Alzheimer. Este curso tem a duração de 46 horas, irá decorrer às terças e quintas-feiras (18h-20h) entre 2 de abril e 25 de Junho. 

Este curso aborda temas como a avaliação neuropsicológica, tratamento farmacológico, nutrição, intervenção sócio-familiar, entre outros. 

O curso é dirigido a técnicos e população em geral e tem o custo de 300€. 

Pode saber mais e realizar a sua inscrição aqui. 

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“O avô tem uma borracha na cabeça” de Rui Zink

Janeiro 18, 2020

Rui Zink, com o seu novo livro, vem colmatar uma das lacunas existentes na literatura em Português – livros que falam sobre demência na linguagem dos mais pequenos. 

Com ilustrações de Paula Delecave, “O avô tem uma borracha na cabeça” explora de forma simples o que sente um neto quando percebe que algo se passa com o avô e questiona os pais. De uma forma simples mas com o calor humano que é característico das crianças, este neto, tenta encontrar uma solução. E, assim, consegue chegar ao avô. 

Através da sensibilidade de uma criança, chega-nos uma lição importante: o amor é mais forte do que o esquecimento.

Filed Under: Notícias

Sugestões para Festas Felizes

Dezembro 23, 2019

Fotografia de Annie Spratt

 

Esta altura do ano pode ser desafiante para as pessoas com demência e para os seus cuidadores. Deixamos algumas sugestões para que possa desfrutar desta época festiva. Boas Festas! 

TENHA EM CONSIDERAÇÃO AS PREFERÊNCIAS DA PESSOA COM DEMÊNCIA Qual era a sua relação com o Natal? Que tradições mantinha (ex. missa do galo)? Mantenha, na medida do possível, as tradições que a pessoa com demência gostava.

ENVOLVA A PESSOA COM DEMÊNCIA NAS TAREFAS. Todos gostamos de nos sentir úteis. Pedir que a pessoa com demência a auxilie em pequenas tarefas é uma boa forma de a envolver nesta época que se quer festiva.

PEÇA AJUDA A OUTRAS PESSOAS. Enquanto cuidador esta pode ser uma época particularmente difícil. Solicite o apoio das pessoas que lhe são próximas.

ESCOLHA DO LOCAL. Desejavelmente deve realizar as celebrações de Natal no local que é familiar para a pessoa com demência. Tente, dentro do que for possível, manter as suas rotinas.

GESTÃO DO RUÍDO. Para a pessoa com demência pode ser difícil ouvir as conversas se estiver numa sala com muito ruído. Evite deixar a pessoa com demência numa sala ruidosa ou no centro da mesa.

AJUSTE AS EXPECTATIVAS. Tenha em consideração quais são as suas necessidades e capacidades, assim como as da pessoa com demência. Lembre-se que o mais importante é usufruírem da companhia uns dos outros. 

PROPORCIONE MOMENTOS DE MAIOR TRANQUILIDADE E DESCANSO DURANTE AS CELEBRAÇÕES. Manutenção das rotinas.

 

Filed Under: A vida em casa, Notícias, Segurança, Uncategorized

GRUPOS DE SUPORTE ONLINE PARA CUIDADORES INFORMAIS DE PESSOAS COM DEMÊNCIA

Outubro 27, 2019

O projeto CARE4DEM, financiado pelo Erasmus +, visa desenvolver um modelo inovador de grupos de suporte online para cuidadores informais de pessoas com demência. 

O grupo de suporte online é gratuito e pressupõe a participação em 9 sessões online (as 3 primeiras semanalmente, e as 6 seguintes quinzenalmente) com a duração aproximada de 60 a 90 minutos e um fórum online (que permite aos participantes partilharem as suas experiências). É necessário que o participante disponha de acesso à internet, uma conta Skype e de equipamento (computador ou tablet) com webcam. 

Caso pretenda participar ou saber mais informações contacte a Associação Caso50+ através do e-mail care4dem.pt@gmail.com. 

 

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A (minha) caminhada pela demência

Setembro 21, 2019

Fotografia de Denys Nevozhai 

 

Hoje, 21 de Setembro de 2019, dia Mundial da Doença de Alzheimer, terceiro aniversário da Plataforma SOSDEMÊNCIAS, escrevo-vos num “tom” diferente, mais pessoal.

A minha caminhada pela demência começou há mais de 10 anos, numa consulta de neurologia em que acompanhei a minha mãe e ouvi, pela primeira vez, “muito provavelmente Alzheimer”. Quem faz/fez esta caminhada sabe que quando chega a esta fase, de ouvir em voz alta, o que é dito não é novidade e não é nada que não se tenha repetido interiormente vezes sem conta. Mas, ouvir em modo alta voz torna as coisas mais reais, mais imprevisíveis, mais fora de controlo. Não pretendo fazer da minha experiência a experiência de todos, nem tão pouco tenho a pretensão de fazer desta experiência uma verdade absoluta é, só e apenas, a minha experiência.

Naquela tarde, começou oficialmente esta caminhada. E que caminhada… Qual subida aos picos da Europa, qual escalada aos Himalaias, qual travessia do deserto. Esta é e será seguramente uma das caminhadas da/s minha/nossas vida/s tal a intensidade das emoções a que a ela está associada. Evidentemente que atravessámos fases menos boas, de revolta, raiva, negação e outras tantas outras coisas que não vale a pena explanar MAS, e é a este mas que quero chegar, também recolhemos experiências muito positivas e gratificantes deste percurso, por vezes, sinuoso.

Quem nos conhece/conhecia sabe que sempre tive uma relação de muita proximidade com a minha mãe (não de melhores amigas mas de mãe e filha) de respeito, de compreensão de apoio mútuo e de “emoções”. Foi com ela, e talvez só com ela o tenha conseguido fazer genuinamente, que existiu partilha mútua de todas as emoções, aquelas às quais recusamos mostrar a luz do dia, habitualmente. Isso, não mudou com a demência! Podia não ser expresso com palavras mas foi sempre expresso de muitas outras formas – com gestos, com olhares, com música, por exemplo.

Esta caminhada sofreu um interregno em Fevereiro de 2016. Vi a minha mãe, pela última vez, num dia de neve. Infelizmente, num hospital, já com muitas dificuldades e sem falar mas isso não impediu a comunicação. Naquele dia ia ter que viajar para regressar ao trabalho e começou a nevar intensamente. Olhamos uma para outra, disse-lhe que tinha que ir e ela olhou para mim com aquele olhar ternurento como só as mães sabem fazer. E, de repente, percebi, estava a declamar (sem falar) o nosso poema… Melhor, o poema que gentilmente o Augusto Gil nos cedeu… Então, naquele momento, talvez como nunca tinha sido até então, fui a sua voz amplificada… “Batem leve levemente, como quem chama por mim”… Sorriu.

O último  sorriso que eu vi e que guardo como uma das minhas memórias mais preciosas.

Ao longo desta caminhada (que depois continuei de outras formas por memória à minha mãe e de tantas outras pessoas em situação idêntica) as coisas foram mudando, existem outro tipo de intervenções, começam a surgir outro tipo de apoios e fala-se muito na sensibilização para as demências e para a Doença de Alzheimer.

Mas, mais do que sensibilizar para a doença, para as dificuldades, para a perda, falta sensibilizar para a vida! Para o que não se perde, ainda que à primeira (e segunda) vista pareça que sim. É preciso um olhar mais intenso, mais perspicaz se quiserem, e sim, não me canso de o repetir, a demência também nos pode trazer coisas boas. Pode trazer-nos uma maior compreensão e uma maior aproximação às pessoas que, elas sim, fazem verdadeiramente esta caminhada e que nós não conseguimos compreender. Temos é que estar disponíveis para tal. Claro que existem momentos muito maus e muito difíceis mas não é diferente de qualquer outro percurso mais sinuoso.

Ouço muitas vezes dizer “a pessoa já não está lá”… Não devem haver muitas expressões que me irritem mais do que esta. Claro que está! É a mesma pessoa, com a mesma história de vida, que neste momento se relaciona de uma forma diferente com tudo aquilo que a rodeia e nunca, mas mesmo nunca, nos podemos esquecer disso.

O que quero transmitir com esta experiência, com este texto, se assim me permitirem, é que, caso estejam a fazer este percurso, não deixem de olhar (“com olhos de ver”) para a pessoa. Vão ver que a conseguem (re)encontrar.

Naquele dia de neve, a mãe já não falava, já não se reconhecia no espelho, já não sabia onde estava (achamos nós) mas garanto-vos que estava a declamar a Balada da Neve!

Carmina Rei

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Que impacto pode ter o design na qualidade de vida das pessoas com demência?

Agosto 9, 2019

Rita Maldonado Branco (*)

Design e demência? A associação pode não parecer óbvia, mas o design pode desempenhar um papel importante na vida de quem tem demência, e de quem cuida, uma vez que está relacionado com tudo o que nos rodeia: espaços, objectos, roupas, etc…

Design como facilitador: coisas que facilitam e capacitam o dia-a-dia

Esta é talvez a primeira das “funções” que atribuímos aos objectos – são-nos úteis no nosso quotidiano. Desde que funcionem, que sejam fáceis de usar, que sejam confortáveis, e já agora agradáveis à vista, nem pensamos muito neles. À medida que a demência vai evoluindo, os objectos e a sua utilização torna-se muitas vezes mais confusa e complexa: o que dantes era fácil de usar, agora levanta dúvidas; o que era intuitivo, deixa de o ser; o que se fazia quase sem pensar, pode implicar muitos passos que agora são difíceis de lembrar. A atenção e a percepção também se alteram: o que dantes era óbvio e visível, pode passar despercebido ou fazer confusão.

Apesar destas dificuldades, é importante que a pessoa com demência mantenha a sua autonomia e que continue a desempenhar tarefas diárias sempre que possível. Nesse sentido, torna-se crucial perceber de que forma as coisas que rodeiam a pessoa com demência facilitam, ou complicam, a tarefa a realizar. Por exemplo, um comando, cheio de botões, pode tornar-se uma grande confusão, um interruptor branco sobre uma parede branca pode não ser visível. Em vez de assumir que a pessoa já não é capaz, e de fazer por ela, é necessário observar com atenção e fazer um esforço para entender o que está a dificultar a acção, e o que poderia facilitar, e ir experimentando: um objecto novo, ou pequenos “ajustes caseiros” que possam ajudar – destacar os botões essenciais de um comando para operar a TV, ou esconder os que não interessam; contornar o interruptor com uma fita-cola de cor que contraste com o tom da parede, para o tornar mais visível.

Ainda que objectos simples, com poucas funções, sejam à partida mais fáceis de usar, e objectos mais familiares, aos quais a pessoa esteja habituada, possam ser mais inteligíveis, não há regras nem produtos que funcionem universalmente para todos. Por isso, é essencial observar a pessoa, conhecê-la, e tentar compreender o que é mais acessível e adequado à experiência específica de cada um, e pensá-lo da perspectiva da pessoa com demência. Um sofá ou uma cadeira podem parecer-nos muito confortáveis, mas para alguém que lá estará sentado muitas horas, e que tenha dificuldade em levantar-se, o caso pode mudar de figura. Um objecto adequado (e também todo o ambiente, a luz, o ruído do espaço onde se está) pode fazer a diferença na autonomia e bem-estar da pessoa com demência, capacitando-a para desenvolver tarefas e participar em actividades, contribuindo para o sentimento de inclusão e para a auto-estima.

Capacitar – individuais para pôr a mesa
Estes “individuais”, desenvolvidos a pensar na minha avó, são um exemplo deste intuito de capacitar a pessoa com demência para participar em tarefas diárias, neste caso, pôr a mesa. As silhuetas dos talheres, pratos e copos, foram cuidadosamente desenhadas de forma muito simples, a linha, e sem outros estímulos visuais que pudessem distrair da tarefa. A minha avó foi capaz de fazer a associação visual entre as silhuetas e os objectos e conseguiu pôr a mesa sozinha.

 

Design como experiência estética: coisas bonitas e agradáveis

Não só a acessibilidade, a simplicidade e o conforto são aspectos relevantes a ter em conta, mas também as qualidades estéticas dos objectos – gostamos de estar rodeados de coisas bonitas e agradáveis ao olhar (gostamos de olhar a árvore que se vê da janela da sala), ao tacto (apreciamos a textura macia daquela camisola), e até ao ouvido (fechamos a porta da lavandaria para não ter de ouvir o ruído da máquina da roupa que incomoda). As coisas que nos rodeiam são também portadoras de experiências estéticas, isto é, são capazes de nos despertarem os sentidos, de nos presentearem com o belo. A dimensão estética, relativa à percepção do belo e à compreensão através dos diferentes sentidos, torna ambientes e objectos mais atractivos e convidativos, e pode contribuir para uma utilização mais fácil, adequada e estimulante. Isto porque os diferentes sentidos (a visão, o tacto, a audição, o paladar, o olfacto) também são canais de comunicação não verbal, particularmente importantes em fases mais avançadas de demência. Tradicionalmente, o design faz esta gestão dos diferentes sentidos, procurando a funcionalidade, o conforto e a beleza dos objetos e dos espaços, mas também procurando proporcionar experiências multissensoriais. Estas competências podem servir e contribuir para facilitar a comunicação e relacionamento com a pessoa com demência, numa interacção que vai para além das palavras.

Design como dignificador: coisas que valorizam a pessoa e afirmam a sua identidade

A dimensão estética do design, o esforço por desenhar e produzir espaços e objetos bonitos, é também uma forma de valorizar e dignificar a pessoa com demência, mostrando que vale a pena prestar atenção, cuidar e desenhar com cuidado. Esta atitude pode ajudar a desafiar alguns estigmas e preconceitos – “para que me vou preocupar com o que esta pessoa tem vestido se ela já não liga”? Independentemente das preferências de cada um, todos nós gostamos de nos sentir bem com o que vestimos e com o que nos rodeia – porque é que haveria de ser diferente para pessoas com demência? Talvez seja até mais importante!

O design age como mediador cultural entre pessoas e as coisas que as rodeiam, desenvolvendo uma grande capacidade e sensibilidade para observar, interpretar e responder às necessidades e preferências das pessoas, a partir da compreensão dos seus gestos e reações ao que as rodeia. Na minha investigação, esta capacidade e sensibilidade do design tem vindo a ser utilizada para personalizar materiais e atividades de acordo com os interesses e a história de vida da pessoa com demência, bem como das suas preferências e idiossincrasias, procurando desta forma, incluir e afirmar a identidade da pessoa no desenvolvimento de momentos de lazer e ocupação.

Objectos com tacto
Estes objetos para estimulação sensorial, desenhados em colaboração com a designer Carla Pontes, tiveram em conta a história de vida, preferências e capacidades de uma pessoa com demência com demência avançada, que foi envolvida, bem como a família e profissionais de saúde, no processo de design. A peça das argolas, mais pequena, permite mais movimento e uma estimulação mais activa, reforçada pelas cores vivas; a capa pretende aconchegar a pessoa, apaziguá-la e convidá-la a relaxar.


Design como convite à participação: coisas e processos que envolvem a pessoa 

Também de forma personalizada, a minha investigação doutoral procurou desenhar convites à participação e envolvimento da pessoa com demência: através do desenvolvimento de artefactos que as incluem em actividades colectivas, mas também como colaboradores e participantes activos no processo de design, contribuindo e influenciando este processo e consequentemente os seus resultados (como nos “Objectos com tacto”). Sendo assim, não se desenharam apenas objetos, mas também estratégias de colaboração pensadas cuidadosamente, adaptadas e adequadas aos participantes, envolvendo os seus familiares e profissionais de saúde. Para estas sessões participativas foram desenvolvidos e utilizados materiais tangíveis como cartões, objetos, amostras de materiais e protótipos para facilitar o envolvimento e a observação das reações e do tipo de experiências que estes poderiam desencadear, mas também para evitar discussões com base em pensamento abstrato, conceitos e ideias imaginadas. Estas sessões incluíram também a utilização de imagens e palavras como pistas para ajudar as pessoas a encontrar formas de expressar e partilhar as suas experiências, adaptando a linguagem e actividades de forma a serem simples e lúdicas, e procurando sempre estimular e apoiar a criatividade.

Este esforço para envolver a pessoa com demência em atividades com as quais ela se identifique, respeitando-a e valorizando-a, tem o potencial de proporcionar momentos estimulantes e agradáveis, contribuindo para a aproximação e bem-estar da pessoa com demência e também dos seus cuidadores.

Roda Viva – jogo da glória personalizável
Jogo da glória personalizável, desenvolvido em colaboração com os utentes de um lar, com base nos seus interesses e em temas que lhes eram familiares, tendo sido também convidados a ilustrar o tabuleiro e pinos de jogar.

Apesar dos contributos que acredito que o design pode trazer para o bem-estar de pessoas com demência, é importante ressalvar que por muito boas que possam ser as intenções do design, se houver pouco cuidado no desenho dos objetos e das suas qualidades estéticas, e pouco apoio de profissionais de saúde na adequação e estratégias de utilização, facilmente se podem desenvolver objetos que de alguma forma podem vir a ser estigmatizantes e confrontar as pessoas com as suas dificuldades.
Assim, em colaboração com a saúde, o design, com a sua capacidade de observar, visualizar e prototipar, tem um enorme potencial para desenvolver objetos que sejam mais fáceis de usar, mais acessíveis, mais convidativos e mais adequados à especificidade das experiências individuais.

(*) Rita Maldonado Branco, é designer e a sua história profissional cruza-se e é influenciada pela história de dois dos seus avós, ambos com demência. Doutorada em Design (2018) pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em parceria com a Universidade de Aveiro, com acolhimento do Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura (ID+), e financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. É mestre em Design de Comunicação pela Central Saint Martins, University of the Arts London (2012) e licenciada em Design pela Universidade de Aveiro (2008). Pode descobrir parte do seu trabalho aqui.

Filed Under: Notícias Tagged With: demência, design, qualidade de vida

Demência Desdramatizada e Colorida

Julho 27, 2019

Desde 2011 que o hOPENING DEMENTIA, na pessoa da Ana Costa, desenvolve uma intervenção para pessoas com demência e os seus cuidadores. Esta intervenção é caracterizada por uma visão mais positiva sobre a demência, centrada na pessoa e baseada em metodologias participativas. Já tivemos oportunidade de escrever sobre este projecto aqui.

Foi com muita satisfação que a SOSDEMÊNCIAS apoiou a edição do primeiro livro da Ana Costa. Este, resulta de anos de trabalho, dedicação e muito amor da sua autora. Através desta edição, todos os princípios promovidos pelo hOPENING DEMENTIA chegam ao grande público e permitem um importante contributo na mudança de paradigma na intervenção (formal e informal) das pessoas com demência.

O livro foi escrito em linguagem acessível (não técnica) de forma a que possa ser utilizado por todos – cuidadores formais e informais, voluntários ou todos os que se interessam pelo tema. À medida que avança na leitura, o leitor vai sendo convidado a responder a alguns desafios.

Existem muitas sugestões de actividades que as pessoas com demência podem realizar recorrendo a duas vertentes: das artes e/ou intergeracional, utilizando sempre materiais acessíveis.

O livro conta com o contributo de vários autores. Deixamos de seguida o índice para que possa conhecer o roteiro que nos propõe.

Para si que cuida, Ana Costa

Demência: uma condição (não só) clínica, Ana Costa e Rita Maldonado

Criatividade: uma condição humana, Diogo Duarte

Os Direitos das Pessoas de Quem Cuidamos, Rosário Zincke

Programa hOPENING DEMENTIA, Ana Costa

O Envolvimento com a Arte, Ana Costa e Diogo Duarte

O Encontro de Gerações, Ana Costa e Diogo Duarte

O Envolvimento com o Design, Ana Costa

Implementação Prática hOpeningDementia

Sessões e Atividades Estruturadas

Conta-me Como És, Dir-te-ei Quando Precisares

Percurso hOpenigDementia

Referências

Este livro fala de uma viagem, um caminho na vida de uma pessoa inconformada e sonhadora que dedicou parte da sua força, vontade e determinação, à demência. Este livro não foi escrito por uma especialista. Foi escrito pela Ana, que é mãe, mulher, psicóloga, cuidadora. Resulta do desejo de partilha. Desafia-o a experimentar actividades que envolvem a pessoa com demência e cuidadores em processos atípicos de relação e interacção. (pp.14).

Temos disponíveis para venda alguns manuais a preço promocional. Caso pretenda adquirir um exemplar poderá fazê-lo enviando um e-mail para sosdemencias@gmail.com. 

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Dia Mundial da Saúde Mental

Outubro 10, 2018

Celebra-se hoje, 10 de outubro, o Dia Mundial da Saúde Mental.

A World Federation for Mental Health criou este dia, em 1992, com o intuito de promover a defesa da saúde mental e educar o público sobre questões relacionadas com esta temática.

A investigação tem demonstrado a importância de se apostar cada vez mais em comportamentos que possam prevenir ou retardar o surgimento de uma demência (Cf. World Alzheimer Report 2018 ). Esta prevenção passa, nomeadamente, por as pessoas dedicarem mais atenção à Saúde Mental, estarem atentos a situações de risco e a desenvolverem estratégias de coping. Assim, neste dia especial, reforçamos a importância de, cada um de nós, “olhar” para a sua saúde/doença mental de igual forma como o faz para a saúde/doença física.

Realçámos, de igual modo, a importância dos cuidadores de pessoas com demência cuidarem de si mesmos e da sua própria saúde mental até porque, como refere a Organização Mundial de Saúde, não há saúde sem saúde mental!

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Demência: um estigma ou um desafio?

Setembro 25, 2018

No próximo sábado (29 de Setembro) iremos estar presentes no Encontro de Cuidadores realizado pelo Centro Social Filhas de S. Camilo, em Lamego, com uma comunicação intitulada “Demência: um estigma ou um desafio?”.

Deixamos aqui o texto que servirá de ponto de partida para a nossa comunicação. Caso tenha interesse em participar, o encontro é gratuito mas carece de inscrição que poderá realizar aqui. 

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